Ah, os primeiros minutos nos cafés de novas cidades!
A chegada pela manhã a cais ou a gares
Cheios de um silêncio repousado e claro!
Os primeiros passantes nas ruas das cidades a que se chega…
E o som especial que o correr das horas tem nas viagens…
Os ómnibus ou os eléctricos ou os automóveis…
O novo aspecto das ruas de novas terras…
A paz que parecem ter para a nossa dor
O bulício alegre para a nossa tristeza
A falta de monotonia para o nosso coração cansado!...
As praças nitidamente quadradas e grandes,
As ruas com as casas que se aproximam ao fim,
As ruas transversais revelando súbitos interesses,
E através disto tudo, como uma coisa que inunda e nunca transborda,
O movimento, o movimento
Rápida coisa colorida e humana que passa e fica…
Os portos com navios parados,
Excessivamente navios parados,
Com barcos pequenos ao pé, esperando…
Através do ruído do café cheio de gente
Chega-me a brisa que passa pelo convés
Nas longas viagens, no alto mar, no Verão
Perto dos trópicos (no amontoado nocturno do navio –
Sacudido regularmente pela hélice palpitante –
Vejo passar os uniformes brancos dos oficiais de bordo).
E essa brisa traz um ruído de mar – alto, pluromar
E a nossa civilização não pertence à minha reminiscência.
De Álvaro de Campos 1/5/1915
A chegada pela manhã a cais ou a gares
Cheios de um silêncio repousado e claro!
Os primeiros passantes nas ruas das cidades a que se chega…
E o som especial que o correr das horas tem nas viagens…
Os ómnibus ou os eléctricos ou os automóveis…
O novo aspecto das ruas de novas terras…
A paz que parecem ter para a nossa dor
O bulício alegre para a nossa tristeza
A falta de monotonia para o nosso coração cansado!...
As praças nitidamente quadradas e grandes,
As ruas com as casas que se aproximam ao fim,
As ruas transversais revelando súbitos interesses,
E através disto tudo, como uma coisa que inunda e nunca transborda,
O movimento, o movimento
Rápida coisa colorida e humana que passa e fica…
Os portos com navios parados,
Excessivamente navios parados,
Com barcos pequenos ao pé, esperando…
Através do ruído do café cheio de gente
Chega-me a brisa que passa pelo convés
Nas longas viagens, no alto mar, no Verão
Perto dos trópicos (no amontoado nocturno do navio –
Sacudido regularmente pela hélice palpitante –
Vejo passar os uniformes brancos dos oficiais de bordo).
E essa brisa traz um ruído de mar – alto, pluromar
E a nossa civilização não pertence à minha reminiscência.
De Álvaro de Campos 1/5/1915
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