Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume
de todas as vezes
deu-me o que é costume.
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
(1906-1997)
6 comentários:
Um poema lindo e cantado ainda fica melhor!
Bom fim de semana!
Caro Tongzhi,
tens toda a razão!
Bom fim-de-semana!
Abraço
Sempre adorei este poema. excelente escolha, Bernardo!
beijos
Beijos
Este poema é tão lindo que me faz chorar... faz-me lembrar a minha ama Cecília que era a pessoa mais doce do mundo!
Espero que seja um choro de boas memorias!
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