sexta-feira, agosto 31, 2007

Ainda os elbonianos

(1996)
Consegui encontrar a tira de Scott Adams referida há dias [aqui].

6 comentários:

GMaciel disse...

Escrever, no simples contexto de alinhavar uma ideia através da escrita, quase todos o fazem, o pior é fazê-lo de acordo com as regras gramaticais numa altura em que as mais básicas se finam sem direito a réquiem.
Dou-lhe um exemplo, infelizmente corriqueiro. Não sei se o caro Carlos já reparou na proliferação de ENQUANTOs na linguagem corrente.
Ora, ENQUANTO, é uma conjunção subordinativa temporal que pressupõe, ou está subordinada a, acção ou movimento. Mas o que vemos é o seu uso indiscriminado.
Ele é o "enquanto primeiro-ministro", "enquanto vítimas", enquanto qualquer-coisa que não acção. Até já li, vindo da mais insuspeitada instituição, leia-se Escola Secundária, o inefável, "enquanto encarregado de educação".
Ora, eu posso olhar enquanto corro, eu leio enquanto viajo, etc, etc, etc, mas nada faço "ENQUANTO ministra", mas sim "COMO ministra", pois esse não é um acto mas sim um cargo, transitório, é certo, mas um mero cargo.
E por aí adiante. Dei este exemplo porque até as mais insuspeitas criaturas de Deus já o adoptaram - vulgo governo, jornalistas, professores - quiçá iluminadas pela verborreia das denominadas Tias de Cascais, as primeiras a adoptar tão "elegante" expressão leia-se, "enquanto" tias.
A gramática morreu! Viva a gramática!
:(

Carlos Medina Ribeiro disse...

Ontem mesmo, sucedeu no blogue DE RERUM NATURA um mal-entendido a vários níveis, bem esclarecedor:

Foi publicado um post (*) humorístico a refutar a existência do Pai Natal (recorrendo à Matemática e à Física) que recebeu um longo comentário que pretendia ser humorístico; mas estava escrito em tais termos, que era fácil pensar-se que era a sério.

Houve, de facto, quem não percebese a graça, e o autor do comentário recebeu um contra-comentário agressivo e completamente desajustado.

(*) http://dererummundi.blogspot.com/2007/08/mais-humor-na-cincia-o-pai-natal-no.html

GMaciel disse...

:)
Já tinha lido o texto mas não os comentários, por isso dei um salto rápido para me situar. (De Rerum Natura foi um dos primeiros links que coloquei na minha lista de imperdíveis)

Convenhamos que não será fácil, a alguém mais distraído ou apressado, perceber a fina ironia que se esconde no que se apresenta como contra-argumento do texto - delicioso, se me é permitido tal adjectivo - mas quando a capacidade de apreensão e compreensão do que se lê é fraca, caso da larga maioria dos portugueses, não há explicação que valha ao mal-entendido.
Por experiência própria, sei o quanto é difícil vergar quem interpreta erróneamente um texto. Por mais explicações se façam, a teimosia é a única coisa que não sossobra, porque a paciência, pelo menos a minha, esvai-se rapidamente.
:)

GMaciel disse...

E pronto, tinha de acontecer. É mais do que óbvio que ERRONEAMENTE é escrito sem acento. Ao emendar a frase, não emendei o anteriormente escrito
É bem feito, quem me manda armar em Edite estrela???
:(
:)

zetrolha disse...

Comigo é precisamente o contrário,ler até que ainda leio alguma coisa,já escrever!Essa é que essa.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Ze Trolha

O que se passa consigo é perfeitamente normal: mais facilidade em ler do que em escrever.

E é precisamente por isso suceder com toda a gente, que Scott Adams inverteu a sequência, obtendo assim o efeito de humor pretendido.