Tombou da haste a flor da minha infância alada,
Murchou na jarra de oiro o púdico jasmim:
Voou aos altos
Céus a pomba enamorada
Que dantes estendia as asas sobre mim.
Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada
Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa visão de luar que vivia encantada,
Num castelo de prata embutido a marfim!
Mas, hoje, as pombas de oiro, aves da minha infância,
Mas, hoje, as pombas de oiro, aves da minha infância,
Que me enchiam de
Lua o coração, outrora,
Partiram e no Céu evolam-se, a distância!
Debalde clamo e choro, erguendo aos
Debalde clamo e choro, erguendo aos
Céus meus ais:
Voltam na asa do
Vento os ais que a alma chora,
Elas, porém, Senhor! elas não voltam mais...
de ANTÓNIO NOBRE (Leça, 1885)
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