quinta-feira, dezembro 31, 2009
sexta-feira, dezembro 25, 2009
O Pai Natal desapareceu!!!!!!!!!!
A infausta notícia acabou de chegar ao blogue A Minha Travessa do Ferreira. De madrugada, depois de ter distribuído as prendas natalícias, o bom velhinho esfumou-se! Nem as renas, em especial o Rodolfo, muito menos o trenó, conhecem o seu paradeiro. A ASAE, a PJ, a PSP, a GNR, o RSB, o Exército, a Marinha, a Força Aérea, autarcas diversos, o Grupo de Forcados Amadores de Vila do Freixo, a própria Dr.ª MFLeite, o GEO, o SIS, o Dr. Francisco Louçã, membros do Conselho de Ministros e o SABD, o Serviço de Apoio a Banqueiros Desafortunados, do BPN e a Sociedade Protectora dos Animais desenvolvem os maiores esforços para Santa Claus ser encontrado.
Sua Insolência o Senhor Presidente da República, que está a preparar uma declaração-esclarecimento (???) sobre o momentoso assunto, não faz parte do grupo dos buscadores. Fonte geralmente bem informada e absolutamente credível informou a referida Travessa que, entre estes houve um que comentou (mantendo o mais rigoroso anonimato para não aumentar a lamentável crispação existente entre os dois): «Não faz cá falta nenhuma!!!»
A Travessa, sempre em cima do acontecimento, anunciou, entretanto, que irá mantendo os cidadãos ao corrente do desenvolvimento que tenha em seu poder.
ÚLTIMA HORA!!!!!!!!!!!!!!!! Nicolau encontrado. Confidência provinda de uma elementa da Ordem das Camelitas Descalças até ao Pescoço, forneceu ao muito mencionado blogue do AF provas fotográficas do achamento, que alguns consideram já mais importante do que a vitória sobre o Mostrengo que está lá no fim do Mundo, ou a transferência do João Pereira para o Sporting!!!!!
A conhecidíssima Travessa sublinhou também que nunca falha. A Travessa voltou a atacar!!!!!!!!!!!!!!!!
sábado, dezembro 19, 2009
As Festas possíveis
Não me quero adiantar muito, mas também não desejo ficar para o fim. Bacalhau com couves e etc., peru e rabanadas avançam, embora timidamente, ainda que estejamos em crise. E que crise!...
Um exemplo dela, que grassa, sem graça, por estas e outras bandas é o Pai Natal que encabeça este textículo. Sem comentários, bastam os olhos de cada um. Ao que o Santa Claus chegou. Ao que nós quase todos chegámos. Com excepções, é certo, pois os tubarões não se queixam.
Mesmo assim, aqui ficam os votos da Travessa, das Festas possíveis, e um 2010 com menos sujidade de alma e de prática do que este miserável. Para Calvário - que me desculpe o velho António das cantigas - já tivemos que sobrasse. Como diz o Povo, fica uma esperança: alma até Almeida.
Um pedido
Entretanto, um pedido. Façam o favor de continuar a postar cumentários, com o, nos textículos da nossa Travessa, e, naturalmente, nos deste blogue amigo. E, sobretudo no último do meu tugúrio - que é de minha autoria. Isto porque se ninguém disser bem de mim, terei de ser eu a... A.F.
quarta-feira, dezembro 16, 2009
ÀVOLTAKÁTESPERO
Bué de presépios
Antunes Ferreira
… E, entretanto, com a aproximação das Festas, há quem se dedique a coisas que não lembram ao diabo, salvo seja. Um exemplo. Cá em casa fazemos colecção de presépios. Que já são bué. De acordo com fontes bem informadas e que, além disso, fizeram uma laboriosa e atenta contagem, já são 417 (mais vaca, menos burro). Em cinco armários com paredes de vidro, como o PCP. Iluminados a preceito. Todos os Natais acrescentamos um que outro ao acervo. E, mesmo durante o ano…Por onde passamos, se vemos algo interessante, é tiro e queda. Óbvio, se houver euros, cada vez mais caros e raros.
Temo-los dos mais diferentes, das proveniências mais diversas, das dimensões mais variadas e dos estilos e materiais mais interessantes. Até um, boliviano, com a Senhora deitada na cama e com o ilustre rebento ao lado. Sentado, atento, reverencial e cuidadoso, está José, o primeiro pai putativo. Da História e do menino.
Este ano, e dado que a data se vai chegando a passos cada vez mais largos – curiosamente o Natal consegue calhar sempre a 25 de Dezembro, unanimidade que a Páscoa recusa, como o Mário Soares não aceitou a unicidade sindical da Inter – já começámos a pesquisa. E não é que ontem, em pleno centro comercial (não digo o nome por mor da publicidade, apesar do esforço do engenheiro Azevedo) nos deparámos com um de estilo centro -americano, colocado estrategicamente em montra apelativa?
Entrámos e vá de apreçar o nascimento. Uma menina com muito bom aspecto e um par de… olhos de fazer ressuscitar o Lázaro sem necessidade de qualquer intervenção jotacênica, abeirou-se e ondeou-se até nós. Tive a sensação de que a Raquel não tinha ficado muito bem impressionada, quiçá porque, para ela, o presépio era muitíssimo mais interessante. Eu, como frequentemente nestes casos, natural e obstinadamente mantive-me do outro lado da barricada.
A jovem, cujo decote era abertamente natalício, de acordo com a época, depois de questionada pela minha cara três-quartos, informou que se tratava de artesanato puro, do Peru, argila policroma, um encanto. Avalisada por marca do Governo de Lima, registada nas traseiras da manjedoura, o que é perfeitamente aceitável e justificável. Preço, não fora a das curvas a anuncia-lo, ter-me-ia causado, no mínimo um ameaço de enfarte. Mas, face às circunstâncias, até comentei que não era de todo despropositado. A Raquel franziu o cenho.
Aceitava, obviamente, dinheiro electrónico. Maquineta wireless, fatalmente. Paguei – quando toca a saldar contas, passo sempre do colectivo nós para o individual eu – com o famigerado cartão de débito. E o banco, renegando o Lehman Brothers, aceitou e debitou. A beldade sorriu, exibindo uns dentinhos prenunciadores de dentadinhas carinhozinhas, agradeceu, inclinando-se numa quase vénia. Só então reparei que, de cima, se descortinava que calçava graciosamente botas. Um panorama em profundidade, natalíssimo. Saímos com a sacrossanta família perfeitamente embrulhada e em saco plástico alusivo à época.
Chegados a casa, a nossa anja-da-guarda (que já faz parte da mobília e da família), a Conceição, a quem mostrámos o conjunto, não se conteve: «É lindo. O chinês lá ao pé de minha casa tem iguais. A oito euros e noventa e nove cêntimos, barato…» Nem digo quanto custou o que adquirimos. Mas congeminei para dentro de mim, que os olhos oblíquos do Li Wang, ou Ping, ou Hua, não se devia comparar, nem de longe, nem de perto, aos tais da nossa atendedora. E a Conceição, raios a partam, a insistir: «Claro, é made in China». O presépio. Feliz Natal.
quinta-feira, dezembro 10, 2009
SERÁ QUE ALGUM DELES AGUENTAVA?
Nunca imaginei que o , simples, facto de eu escrever, fosse importante para outréns. PALAVRA DE HONRA!
Sinto e tenho necessidade de escrever, sobre o quê? TUDO ou NADA?
O que me é apresentado, salvo seja, são projectos da mais reles filosofia. Fico escarrado contra a melhor das paredes, sempre que ouço ou me falam das "medidas" deste nosso SOBERBO governo sem "força".
Basta!
Será que vamos enfrentar os mesmos focinhos até que algum "vá desta para melhor?"?.
SALVO SEJA! (independente seja a tua religião)
segunda-feira, dezembro 07, 2009
sexta-feira, dezembro 04, 2009
quarta-feira, dezembro 02, 2009
terça-feira, dezembro 01, 2009
sexta-feira, novembro 27, 2009
SR.ALBERTO MOURA (senior)
Não tenham a menor dúvida de isso.
Todos os dias aprendo e aprendo.
Hoje aprendi que sou impotente.
Sou impotente em relação à recuperação de uma das pessoas que mais amo.
Essa pessoa é o meu avô paterno. Está extremamente débil.
Que posso eu fazer? Nada! Nada!!
É de uma extrema impotência, que "mete nojo!".
O meu avô tem 94 anos e há-de ser o Ser Humano mais velho do planeta. VAI!*
*porque eu e todos queremos. A união faz a força!
P.S.:desculpem os erros de ortografia.
DEDICO ESTA MÚSICA AO ENORME ALBERTO MOURA
quinta-feira, novembro 26, 2009
segunda-feira, novembro 23, 2009
sexta-feira, novembro 20, 2009
quarta-feira, novembro 18, 2009
JÁ É DEMAIS, BASTA DA VACINA H1N1 A
Pode ser lido AQUI , terceiro feto morto após grávida ter sido vacinada contra a Gripe H1N1 A.
Já chega!
SUGESTÃO LITERÁRIA
terça-feira, novembro 17, 2009
sábado, novembro 14, 2009
DIAS CINZENTOS
Devido à estação que "está de serviço", Outono, os dias têm estado cinzentos. Demasiado cinzentos até, para a estação. Provavelmente está a tentar competir com o Inverno, a parva.
Esta mudança, para os dias a preto e branco deixa-nos alterados. Não acredito que haja alguém que alguma vez não o tenha sentido.
As bruscas descidas da temperatura, o constante "capacete" cinza por cima de nós, os dias mais curtos, provocam alterações no nosso organismo reais. Principalmente no foro psíquico.
Temos o poder de alterar o clima? Não!
Temos o poder de alterar o nosso estado de espírito? Sim!
Como?
De tantas formas. Como exemplo, hobbies!
Não permitir que o sedentarismo ganhe, fazer actividades físicas, actividades intelectuais (se assim lhes posso chamar).
Fundamentalmente não nos deixarmos fechar, não nos enfiarmos num casulo.
Muitos, após lerem o que escrevo pensam com certeza que: "falar é fácil!", ao que respondo: "É. Mas por experiência, sei bem que se nos movermos activamos a zona do nosso cérebro que produz o que chamamos de bem estar.".
Concluindo, lutemos para que o clima não monopolize o nosso bem estar.
Vivamos!
Mudando de assunto, vejam este vídeo. Não é montagem, aconteceu de facto!
quinta-feira, novembro 12, 2009
DIKA SIM, DIA NÃO
De pescoço aberto
Antunes Ferreira
- Chefe! Foi encontrado um homem degolado, no Parque Mayer, ao pé do Capitólio. Se é que àquilo ainda se pode chamar assim, se bem que o raio do anúncio, aliás apagado, continue por lá. Mas, realmente, quem lá está é o cidadão de goela aberta.
O agente Martins, a caminho de subchefe, é um homem entroncado, sobre o baixo, a meio dos trintas, décimo segundo ano nas Novas Oportunidades, óculos de miopia, chefe de família apontado como exemplar, um casal de filhos, a mulher trabalha numa multinacional, mais precisamente no arquivo. Vivo, que o morto só na cave ou, mesmo, nos computadores.
- Repita lá, ó Martins… O quê, quem, como, onde?
O guarda encolhe os ombros. Seria a primeira vez que o Lopes se daria conta do que lhe estavam a comunicar, o espírito andava por longínquas paragens, alheado do espaço um tanto apertado da esquadra, ainda das antigas. E repete, devagar, quase soletrando as palavras que está lá fora um sujeito acompanhado de uma sujeita a comunicar o que ambos tinham encontrado.
- E então?
Então, o quê? - tem Martins ganas de perguntar. Mas o chefe é o chefe, distraído ou não, aluado ou ausente. Informa, simplesmente, que já mandou dois elementos para lá, está a caminho um terceiro, e que pensa que deve ser avisada a Judite, que o mesmo é dizer a Judiciária. Manuel Lopes, Manuel da Assunção de Maria Lopes, não gosta do nome, mas foi o que lhe plantaram na pia baptismal e no registo civil, faz que sim com a cabeça. «Concordo. Muito bem, proceda em conformidade».
Já o arvorado se volta a caminho da porta, «olhe lá, Martins, quero dar-lhe os parabéns…» Estranho, é a primeira vez que o superior o faz «… a propósito da sua promoção. Sai amanhã no Diário da República». «Desculpe, chefe, disse que?...» Sim senhor, tinha dito. Manuel Lopes, emergindo da névoa mental, levanta-se, dá-lhe um aperto de mão vigoroso e, pasme-se, um abraço a sério.
Não era sem tempo. Desde 2007 que a Associação tinha o caso entre mãos. O Sindicato mais importante dos polícias até à data tinha feito tudo o que era possível e, quiçá, o impossível para que o assunto não morresse numa das infindáveis gavetas da burocracia. Ou nos meandros labirínticos processuais. Mas, agora, aparecera o resultado. Favorável. Se calhar até com retroactividade. Depois se veria. O mais importante estava feito.
- Ouça, homem-de-Deus, talvez fosse melhor ser você próprio a ocupar-se desta traquitana. Para a entregar à Pê Jota. E, pelo caminho, acho que deve telefonar à sua esposa… O que real e naturalmente o Martins faz. Aconchegado pela alegria da Lena, num pulo, está lá, onde os três agentes já estenderam a fita de plástico branca e vermelha para impedir que os curiosos se aproximem da vítima.
Chega praticamente ao mesmo tempo que os tipos da PJ e o pessoal do INEM. Fotografam o corpo, tomam-se medidas, inquire-se o maralhal que por ali tem o seu modo de vida, das bilheteiras do que resta dos teatros, até ao guarda do estacionamento, incluindo no grupo, a gente dos dois restaurantes que vão lutando pela sobrevivência. As fotos, os flashes, a pesquisa de impressões digitais e de quaisquer outros elementos, sucedem-se, normais na anormalidade. Depois, é o levantamento do corpo – e ala que se faz tarde. Destino, morgue.
Mais tarde, já na esquadra, ficam a saber, ele e o chefe Lopes, que o morto era um prostituto conhecido por trabalhar na Avenida ou na Rodrigues Sampaio, nas traseiras do DN. Joaquim Oliveira Costa, 23 anos de idade, residente em parte nenhuma, último poiso conhecido em Olivais Sul, frequentador com clientes do Hotel Noite Rosa, o nome é esclarecedor, nenhum dos dois sabia que tal existia. O chefe não comenta, aparentemente ensimesmado, deve estar com a lua em quarto minguante.
Ao caso não é dada grande importância. Como rezava no dia seguinte a notícia com umas dez linhas, se tanto, «as averiguações prosseguem». Uns quantos, bastantes, muitos, membros da sociedade, mais destacados ou menos abonados, mas todos engatadores de homens (e que passam devagar nos automóveis deles, de grande cilindrada e pneus de rasto largo, rentes aos passeios na procura e na oferta do mercado da carne masculina), estão preocupados, amedrontados, borrados, impotentes.
O tema cairia facilmente no esquecimento, não fora o caso de umas três semanas depois ser descoberto no parque de Monsanto um travesti – nú e degolado. Aí as coisas começaram a fiar mais fino. Cerca de um mês ido, um senhor de posição, dirigente do futebol, encontrado em Marvila, pescoço aberto. Homem casado, três filhos, dono de empresa do ramo imobiliário, católico de missa dominical. Filiação política bem definida. Foi-se a ver, era invertido, ninguém diria, este é um Mundo Cão, já o Jacopetti dizia e filmava em 62, mais coisa, menos coisa.
O rebuliço aumentara desmesuradamente. Coisa estranha, dava-se conta o Martins. No meio de toda a balbúrdia, o Lopes impávido e sereno, nem pestanejava. Desinteressado. Não era nada com ele. A Comunicação Social em ebulição, o Poder entre a espada e a parede, não havia muito para dizer, mesmo nada, a não ser «as averiguações prosseguem e na altura devida serão dadas as informações». Travestis e gays cheios de pavor, queixavam-se amargamente de não poderem ganhar a vida honestamente.
E um dia, dois anos depois, quando já se pensava que a coisa ia prescrever, ela explodiu. O assassino era um ministro, «andava metido com maricas», de acordo com um auxiliar do seu gabinete. Conclusões sintéticas, as das autoridades. Interpelação parlamentar. Águas de bacalhau. O Lopes, entretanto, concorrera à Judiciária e fora aprovado, e o Martins, num verdadeiro salto de canguru já era chefe. E um dia, quando o candidato a inspector visitava a esquadra para matar saudades, virou-se para o Martins: «O meu irmão também é dos "deles". Mas, por favor, não diga nada a ninguém. Fica entre nós. Andava cheio de cagaço, ele – e eu também». «Pela saúde dos meus que a minha boca é um túmulo». E era.
(Tambem publicado em http://aminhatravessadoferreira.blogspot.com)
quarta-feira, novembro 11, 2009
sábado, novembro 07, 2009
Antunes Ferreira
Querem saber uma coisa? A minha vizinha do oitavo frente comprou uma balança daquelas para a casa de banho - há quem as plante noutra divisória do apartamento, existe gente para tudo – para a qual, no domínio da condução há que tirar o brevet. Carta de ligeiros, mesmo que profissional, nem pensar. De pesados para cima de 18 toneladas, vá que não vá.
Subimos os três no elevador, ela, a balança e eu, e foi assim que tomei conhecimento da ocorrência. Uma caixa quadrangular, com marca e indicações especificadas para o manual de instruções em CD mas igualmente em suporte de papel. Design exterior apelativo e, pela reprodução do fiel instrumento, igual para o mesmo, no interior da embalagem. Não existia papel multicor pressupondo prenda, nem laço a condizer.
Face aos elementos disponíveis entre o terceiro piso negativo (na parede e no ascensor existe um – 3) e o meu, o quinto, depois de análise sintética mas aparentemente fundamentada, concluí que o objecto era para uso próprio da senhora, cujo nome sei por via da pequena etiqueta na caixa do correio. Laurinda da Purificação Alves, presumo que completo.
Nunca falei com ela, a vizinhança outrora tão loquaz é agora muda e queda. Ensimesmada, sorumbática, rarefeita. Ocasionalmente, a regra é quebrada por uma saudação, b‘dia, b‘noite, muito mais raramente b’tarde. As pessoas trabalham, ou dizem que, e por essa razão é mais difícil encontros a tais horas. Nem no hall da entrada, quanto mais no elevador.
Assim, limitei-me a fazer um sorriso e a desejar uma muito boa noite, bem soletrada para que a Senhora Dona Laurinda não tivesse dúvidas sobre a educação que os meus queridos pais me deram, a urbanidade e o civismo, que são igualmente meu timbre. E saí. Fora um dia c-o-m-p-l-i-c-a-do no escritório, a maldita crise dava azo a nervos em franja, a da Beatriz Costa – lembram-se? – não era nada, comparativamente falando.
Comentei o caso do ascensor e da balança que não cai (felizmente, nem um nem a outra) – o Erle Stanley Gardner que me desculpe o quase plágio – com a minha Etelvina. Que também chegara um pouco antes, da hidro-ginástica. «A mulher é um tanto avantajada, lá isso é, donde me parece ter sido uma boa compra» retorquiu-me a minha caríssima metade, enquanto metia um pronto a comer no micro-ondas, mais precisamente bacalhau à Braz producido en Vigo.
«Avantajada é favor; o que ela é, é uma baleia. Nem se queda pelo cachalote, é mesmo uma fêmea abonada, mas sem esguicho. Uma orca, quiçá». E acrescentei que ela até talvez precisasse de um computador para este lhe avaliar o peso... Satisfeito com a tirada, fui até à sala comum para dar uma volta na blogosfera. Intenção excelente, pontaria afinada, tiro falhado. O Quim estava grudado ao msn, o que, forçosamente, originava protesto contínuo da Lenita. O Mateus, no quarto, trocava xoxos informáticos com umas quantas amigas-prestes-a-ser-namoradas e vice-versa. A situação só tinha uma saída: delete e out.
Foi quando soou a campainha da porta. «Renato, vai ver quem é, que estou a fazer a sopa de pacote». Cumpridor, fui. Espanto: era a Dona Laurinda. «O senhor Costa – também tenho o nome pespegado na caixa das cartas com meio caminho andado no endereço, por que bulas não havia de ter? – desculpe, mas queria convida-lo a subir para ir ao meu apartamento…»
A Etelvina, ouvindo voz feminil, avançara igualmente. «Ao seu apartamento, minha Senhora?» com um tom entre a indignação e a censura descortinável a quilómetros de distância. «Pois sim, vizinha. É que não percebo nada da minha nova balança. É electrónica e as instruções são em inglês e em chinês. E não sei onde meter o disquinho. Por isso…»
Depois de recomendar calma, civilidade e paz aos três descendentes, lá fomos. E tomámos um uísque e um gin e petiscámos umas pataniscas de se lhes tirar o chapéu, depois de uns cajus picantes de lamber os beiços. A Laurinda (avançávamos no tratamento, ostracizámos a Dona) revelou que tinha um arroz de pato que só ela, o do Martinho da Arcada nem sombra lhe fazia. Se lhe quiséssemos dar umas dentadinhas… No arroz de pato, tá visto, o que é que estavam a magicar?
Fui lá abaixo avisar a malta, a única coisa que fazia falta, voltei a subir, sempre de ascensor. Eles estão ali, por vezes balançam, mas nunca caem, portanto há que lhes dar uso e justificar o condomínio, que, diga-se, não é barato. Abancámos. E eu, depois de uma aguardente velha – uma, não, duas. Ou terão sido três? - compenetrado e cortês até pus o instrumento a funcionar. A balança, óbvio. Não garanto que tenha escolhido o melhor programa, o caso não era fácil, muito menos as alegadas instruções. Entre o convívio e o procedimento correcto, não dava tempo.
Por vezes, uma Amizade que se presume eterna, começa numa balança. E pesa-se.
(Texto também publicado em http://aminhatravessadoferreira.blogspot.com, http://espelhosentido.blogspot.com e ligeiramente diferente do saído no SexoForte.net)
quarta-feira, novembro 04, 2009
AJUDA NA CONSTRUÇÃO DE UMA MINIBIBLIOTECA
Uma amiga brasileira está, com muito empenho,esforço e enorme dedicação a construir uma mini biblioteca no Rio de Janeiro. Esta mini biblioteca também será uma zona de lazer, para crianças, idosos..bom, para quem quiser. As dificuldades, como devem calcular, para fazer esta obra são enormes. Eu tenho contribuído como posso. Há dias recebi este e-mail dela: " Querido amigo Bernardo como está chegando o Natal eu estou fazendo uma campanha pra arrecadar fundos pra comprar cestas básicas(alimentos) -brinquedos e roupas para as crianças mais necessitadas da minha comunidade. Se voce puder espalhar a notícia aos seus amigos eu te agradeço,se cada um de nós tirar um pouquinho não nos fará falta e vai mudar o Natal de muitas crianças da minha comunidade que passam o Natal sem ter um ovo pra comer na ceia,sem ter uma roupinha nova pra vestir ou sem ter um chinelinho pra calçar. Já postei nos meus blogs (Eulucinha.blogspot.com) pedindo ajuda. Quem quiser ajudar é só depositar qualquer quantia no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 . Obrigado mais uma vez,Tchau! "
Peço-vos que ajudem da forma que poderem. Através de doação monetária ou envio de livros, brinquedos, etc.. para :
Ana Lucia da Silva Reis. Rua Itapaci,192 - Bairro Cosmos -CEP 23060-440 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Obrigado!
terça-feira, novembro 03, 2009
COMPLETAMENTE DE ACORDO
" (Esta carta foi direccionada ao banco BES, porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direccionada a todas as instituições financeiras.)
Exmos. Senhores Administradores do BES
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os senhores e todos os usuários pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer outro produto adquirido (um pão, um remédio, uns litro de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí do BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como todo e qualquer outro serviço. Além disso impõe-se taxas de. Uma 'taxa de acesso ao pão', outra 'taxa por guardar pão quente' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro, ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobram-me preços de mercado, assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de crédito'-equivalente àquela hipotética 'taxa de acesso ao pão', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar
Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura de padaria', pois só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.
Antigamente os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como 'Papagaios'. Para gerir o 'papagaio', alguns gerentes sem escrúpulos cobravam 'por fora', o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora, ao contrário de 'por fora' temos muitos 'por dentro'.
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR 'para manutenção da conta' - semelhante àquela 'taxa de existência da padaria na esquina da rua'.
A surpresa não acabou. Descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quente'.
Mas os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois de eu pagar as taxas correspondentes talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e de nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto pela lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal. Sei disso, como sei também que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais, mas também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vais acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma. "
*recebido via e-mail
segunda-feira, novembro 02, 2009
BOTA SENTIDO
A póbre cabrita qui bós bedes aqui na fote tebe ausenti pure unhes tempos porqui numa noiti de trubuáda ela apanhoue um tchoque nu aparelhu da dentuça e quasi, mas mêmo mêmo quasi foie desta pa pior ou milhori.
Mas cume nunhe foie desta pa pior ou milhori boltou a "botar sentido", pore isso ela bai cuntinuare.
Tende cuidadu cum as bentuinhas que tonhe nu cimu dus mountes, elas pur bezes ganhom tanta buza que mandom um home a buar cumu sa fosse uma bunéca insufalabél a quenhe arrancarom o pipu.
Tende cuidadu cum as télbisões. N`outro dia um sinhore lebou cum uma na mona proque unhe casale de pessoas estaba a discuntir e amandarom a télbisom p`la janéla à fóra.
Pure esta bez já tchega.
Bou-me..
Fuie-me.
domingo, novembro 01, 2009
DE MOI PARA VOIS
Desde que me "envolvi" na blogosfera, em 2005, que tento manter este blogue com temas variados do meu agrado e desagrado.
Dentro de poucos dias o Cuaoléu festeja quatro anos e considero que este foi, sem dúvida o pior ano do Cuaoléu.
Por vezes, estou a fazer alguma coisa e penso: "Hoje vou escrever algo minimamente aceitável no Cuaoléu!", quando me sento e me preparo para escrever não me surge nada, brancas atrás de brancas.
Espero voltar a escrever, partilhar vídeos e imagens com mais frequência, ou melhor com a mesma frequência que o fazia.
Entretanto, proponho uma visita ao arquivo. Acho que vão relembrar alguns post`s que até são fixolas! Se não vos apetecer "passear" pelo arquivo, utilizem o "post aberto" e escrevam sobre qualquer coisa. No fundo, trata-se quase de um pedido meu com o objectivo de ler e responder a comentários. Quero que este espaço volte a ter a "vida" que tinha.
Gracias mutchalas!
Já agora, fica uma musicólia.
sábado, outubro 31, 2009
sexta-feira, outubro 30, 2009
quarta-feira, outubro 28, 2009
DIS*PUTA ENTRE MATCHO E FEMELIA
quarta-feira, outubro 21, 2009
MUITO IMPORTANTE (INFORMAÇÃO SOBRE A GRIPE H1N1 A)
Ao ler este texto de Teresa Forcades i Vila, monja beneditina do Convento de Montserrat em Barcelona, médica especialista em Medicina Interna e doutorada em Saúde Pública, ninguém pode deixar de se interrogar sobre a capacidade dos seus governantes e autoridades de Saúde Pública do seu país – particularmente Primeiro-Ministro, Ministro da Saúde e Director-Geral de Saúde – sobre a sua honestidade e o seu grau dependência em relação aos grandes laboratórios internacionais.
Teresa Forcades i Vila* - 11.10.09
Dados científicos
Os dois primeiros casos conhecidos da nova gripe (vírus A/H1N1, estirpe S-OIV) diagnosticaram-se na Califórnia (EUA) no dia 17 de Abril de 2009 [1].
A nova gripe não é nova por ser do tipo A, nem tampouco por ser do subtipo H1N1: a epidemia de gripe de 1918 foi do tipo A/H1N1 e desde 1977 os vírus A/H1N1 fazem parte da época da gripe anual [2]; a única coisa que é nova é a estirpe S-OIV [3] [4].
Cerca de 33% das pessoas maiores de 60 anos parecem ter imunidade a este tipo de vírus da nova gripe [5].
Desde o seu início até 15 de Setembro de 2009, morreram com esta gripe 137 pessoas na Europa e 3.559 em todo o mundo [6]; há que ter em atenção que anualmente morrem na Europa entre 40.000 e 220.000 pessoas devido à gripe [7].
Como já disseram publicamente reconhecidos profissionais de saúde – entre eles o Dr. Bernard Debré (membro do Conselho Nacional de Ética em França) e o Dr. Juan José Rodriguez Sendin (presidente da Associação de Colégios Médicos do Estado espanhol) –, os dados desta temporada, pela qual já passaram os países do hemisfério Sul, demonstram que a taxa de mortalidade e de complicações da nova gripe é inferior à da gripe anual [8].
Irregularidades que têm de ser explicadas
Em finais de Janeiro de 2009, a filial austríaca da empresa farmacêutica norte-americana Baxter distribuiu a 16 laboratórios da Áustria, Alemanha, República Checa e Eslovénia, 72 kg de material para preparar vacinas contra o vírus da gripe anual; as vacinas tinham de ser administradas à população destes países durante os meses de Fevereiro e Março; antes que qualquer destas vacinas fosse administrada, um técnico de laboratório da empresa BioTest da República Checa decidiu, por sua conta, experimentar as vacinas em furões, que são os animais que desde 1918 são utilizados para estudar as vacinas para a gripe; todos os furões vacinados morreram.
Investigou-se então em que consistia exactamente o material enviado pela casa Baxter e descobriu-se que continha vírus vivos da gripe das aves (vírus A/H5N1) combinados com vírus vivos da gripe anual (vírus A/H3N2). Se esta contaminação não tivesse sido descoberta a tempo, a pandemia que, sem base real, as autoridades sanitárias globais (OMS) e nacionais estão a anunciar, seria agora uma espantosa realidade; esta combinação de vírus vivos pode ser particularmente letal porque combina um vírus vivo com cerca de 60% de mortalidade mas pouco contagioso (o vírus da gripe das aves) com um outro que tem uma mortalidade muito baixa mas com uma grande capacidade de contágio (o vírus da gripe sazonal) [9].
Em 29 de Abril de 2009, quando apenas tinham passado 12 dias sobre a detecção dos dois primeiros casos da nova gripe, a Drª Margaret Chan, directora-geral da OMS, declarou que o nível de alerta por perigo de pandemia se encontrava na fase 5 e mandou que todos os governos dos Estados membros da OMS activassem planos de emergência e de alerta sanitária máxima; um mês mais tarde, 11 de Junho de 2009, a Drª Chan declarou que no mundo já tínhamos uma pandemia (fase 6) causada pelo vírus A/H1N1 S-OIV [10]. Como pode fazer tal declaração quando, de acordo com os dados científicos expostos acima, a nova gripe é uma realidade mais benigna que a gripe sazonal e, além disso, não é um vírus novo e ao qual parte da humanidade está imune?
Pôde declará-lo porque no mês de Maio a OMS tinha alterado a definição de pandemia: antes de Maio de 2009 para poder ser declarada uma pandemia era necessário que por causa de um agente infeccioso morresse uma proporção significativa da população. Esta exigência – que é a única que dá sentido à noção clínica de pandemia e às medidas políticas que lhe estão associadas – foi eliminada da definição adoptada no mês de Maio de 2009 [11], depois dos EUA se terem declarado em «estado de emergência sanitária nacional», quando em todo o país havia apenas 20 pessoas infectadas com a nova gripe, e nenhuma delas tinha morrido [12].
Consequências políticas da declaração de «pandemia»
No contexto de uma pandemia é possível declarar a vacinação obrigatória para determinados grupos de pessoas ou, inclusivamente, para o conjunto dos cidadãos [13].
O que é que pode acontecer a uma pessoa que decida não se vacinar? Enquanto a vacinação não for declarada obrigatória não lhe pode acontecer nada; mas se chegasse a declarar-se a vacinação obrigatória, o Estado tem a obrigação de fazer cumprir a lei impondo multa ou prisão (no estado de Massachussetts dos EUA a multa para estes caso pode chegar a 1.000 dólares por cada dia que passe sem o prevaricador se vacinar) [14].
Perante isto, há quem possa pensar: se me obrigam, vacino-me e já está, a vacina é mais ou menos como a sazonal, também não há para todos…
É preciso que se saiba que há três novidades que fazem com que a vacina da nova gripe seja diferente da vacina da gripe anual: a primeira é que a maioria dos laboratórios estão a desenhar a vacina de forma que uma só injecção não seja suficiente e sejam necessárias duas; a OMS recomenda também que não se deixe de administrar a da gripe sazonal; quem seguir estas recomendações da OMS expõe-se a ser infectado três vezes e isto é uma novidade que, teoricamente, multiplica por três os possíveis efeitos secundários, embora na realidade ninguém saiba que efeitos pode causar, pois nunca antes se fez assim. A segunda novidade é que alguns dos laboratórios responsáveis pela vacina decidiram adicionar-lhe coadjuvantes mais potentes que os utilizados até agora nas vacinas anuais. Os coadjuvantes são substâncias que se adicionam às vacinas para estimular o sistema imunitário. A vacina da nova gripe que está a ser fabricada pelo laboratório Glaxo-Smith-Kline, por exemplo, contém um coadjuvante, AS03, uma combinação que multiplica por dez a resposta imunitária. O problema é que ninguém pode assegurar que este estímulo artificial do sistema imunitário não provoque, passado algum tempo, doenças auto-imunitárias graves, como a paralisia crescente de Guillain-Barré [15]. E a terceira novidade que distingue a vacina para a nova gripe da vacina anual, é que as companhias farmacêuticas que a fabricam estão a exigir que os Estados assinem acordos que lhes garantam a impunidade no caso das vacinas terem mais efeitos secundários que os previstos (por exemplo prevê-se que a paralisia Guillain-Barré venha a afectar 10 pessoas por cada milhão de vacinados); os EUA já assinaram estes acordos que garantem, tanto às farmacêuticas como aos políticos, a retirada de responsabilidade pelos possíveis efeitos secundários da vacina [16].
Uma reflexão
Se o envio de material contaminado fabricado pela Baxter não tivesse sido casualmente descoberto em Janeiro passado, efectivamente, ter-se-ia dado a gravíssima pandemia potencialmente causadora da morte de milhões de pessoas que alguns andam a anunciar. É inexplicável a falta de ressonância política e mediática do que aconteceu em Fevereiro no laboratório checo. Ainda mais inexplicável o grau de irresponsabilidade demonstrado pela OMS, pelos governos, pelas agências de controlo e prevenção de doenças ao declarar uma pandemia e promover um nível de alerta sanitário máximo sem uma base real. É irresponsável e inexplicável até extremos inconcebíveis o bilionário investimento saído do erário público destinado ao fabrico milhões e milhões de doses de vacina contra uma pandemia inexistente, ao mesmo tempo que não há dinheiro suficiente para ajudar milhões de pessoas (mais de 5 milhões só nos EUA) que por causa da crise perderam o seu trabalho e a sua casa.
Enquanto não forem clarificados estes factos, o risco de este Inverno serem distribuídas vacinas contaminadas e o risco de poderem ser adoptadas medidas legais coercivas para forçar a vacinação, são riscos reais que em caso algum podem ser desvalorizados.
No caso da gripe continuar tão benigna como até agora, não faz qualquer sentido a exposição ao risco de receber uma vacina contaminada ou o de sofrer uma paralisia Guillain-Barré.
No caso de a gripe se agravar de forma inesperada, como já há meses anunciam sem qualquer base científica um número surpreendente de altos dirigentes – entre eles a Directora-Geral da OMS –, e repentinamente, começarem a morrer muito mais pessoas do que é habitual, ainda terá menos sentido deixar-se pressionar para ser vacinado, porque uma surpresa assim só poderá significar duas coisas:
1. Que o vírus da gripe A que agora circula sofreu uma mutação;
2. Que está em circulação outro (ou outros) vírus.
Em qualquer dos casos a vacina que se está a preparar agora não serviria para nada e, tendo em conta o que aconteceu em Janeiro passado com a Baxter, podia ser, inclusivamente, que servisse de veículo de transmissão da doença.
Uma proposta
A minha proposta é clara:
Além de manter a calma, tomar precauções sensatas para evitar o contágio e não se deixar vacinar, coisa que já se propõem muitas pessoas com senso comum no nosso país [Espanha].
Apelo a que se active com carácter de urgência os mecanismos legais e de participação cidadã necessários para assegurar de forma rotunda que no nosso país não se poderá forçar ninguém a vacinar-se contra a sua vontade, e que os que decidirem livremente vacinar-se não serão privados do direito de exigir responsabilidades nem do direito de serem economicamente compensados (eles ou os seus familiares), no caso de a vacina lhes causar uma doença grave ou a morte.
Notas:
[1] Zimmer SM, Burke, DS. Historical Perspective: Emergence of Influenza A (H1N1) viruses. NEJM, Julio 16, 2009. p. 279
[2] 'The reemergence was probably an accidental release from a laboratory source in the setting of waning population immunity to H1 and N1 antigens', Zimmer, Burke, op. cit., p. 282
[3] Zimmer, Bunker, op. cit., p. 279
[4] Doshi, Peter. Calibrated response to emerging infections. BMJ 2009;339:b3471
[5] US Centers for Disease Control and Prevention. Serum cross-reactive antibody response to a novel influenza A (H1N1) virus after vaccination with seasonal influenza vaccine. MMWR 2009; 58: 521-4.
[6] Dados oficiais do Centro Europeu para o controlo e prevenção de doenças (www.ecdc.europa.eu).
[7] Dados oficiais do Centro Europeu para o controlo e prevenção de doenças (www.ecdc.europa.eu)
[8] Cf. Le Journal du Dimanche (25 juliol '09): Debré: 'Cette grippe n'est pas dangereuse'; cf. La Razón (4 septiembre '09): Rodríguez Sendín: Cordura frente el alarmismo en la prevención de la gripe A
[9] Cf. Virus mix-up by lab could have resulted in pandemic. The Times of India, sección de ciencia, 6 marzo 2009.
[10] http://www.who.int/
[11] Cohen E. When a pandemic isn't a pandemic. CNN, 4 de mayo '09.http://edition.cnn.com/
[12] Doshi Peter Calibrated response to emerging infections VMJ 2009;339:b3471
[13] Falkiner, Keith. Get the rushed flu jab or be jailed. Irish Star Sunday, 13 septiembre '09.
[14] Senate Bill n. 2028: An act relative to pandemic and disaster preparation and response in the commonwealth. 4 agosto '09. Cf. Moore, RT. Critics rage as state prepares for flu pandemic. 11 septiembre '09. WBUR Boston.
[15] Cf. Vaccination H1N1: méfiance des infirmières. www.syndicat-
[16] Stobbe, Mark. Legal immunity set for swine flu vaccine makers. Associated Press, 17 Julio '09.
Texto publicado no sítio da Coordenadora Antiprivatização de Saúde Pública, Madrid, (www.casmadrid.org), em Setembro de 2009.
* Teresa Forcades i Vila, monja beneditina do Mosteiro de San Benedito em Montserrat, Barcelona, é doutorada em Saúde Pública, especialista em Medicina Interna pela Universidade de Nova Iorque, autora entre outros livros de «Los crimines de las grandes compañias farmaceuticas».
Tradução de José Paulo Gascão
*recebido via e-mail
VEJAM ESTE VÍDEO
BRINCAR..SONHAR..
Sonhar e brincar.
Não necessitamos todos de o fazer? Claro!
Enquanto crianças, fizemo-lo e como adultos somos obrigados a fazê-lo.
Brincamos com outros brinquedos e sonhamos outros sonhos, mas mantemo-nos crianças, se assim o quisermos chamar.
Como seria a vida sem brincar? Como seria a vida sem sonhar? Para mim e para a maior parte das pessoas não seria viver, seria apenas existir. Infelizmente, muitos só existem. Se lhes perguntarem porquê, talvez não consigam responder ou responderão de uma forma, que bem no fundo do seu Ser não é verdadeira, mas que têm de acreditar para continuarem a existir. Não estamos cá para apenas existir. Não acredito nisso. Estamos cá para sugar, espremer todo o sumo que a vida nos pode dar. Eu faço por isso, ó se faço. Lírico? Não. Jamais.
Temos que dosear bem cada parte da nossa vida, cada momento, cada acto.
Alturas menos boas, que não permitem o sonho e a brincadeira existem, demais. Porque o permitimos? Francamente, não sei.
Sei que vivo a espremer. Espremo e espremerei todos os meus sonhos até à exaustão. Sugarei tudo o que de bom na vida há, até que me falte o ar.
Não digo que sou o apelidado " sonhador " ou o triste " palhaço ", digo sim que sou um Ser que tenta condimentar o melhor possível a sua vida.
Faltam-me muitas, muitas vezes as especiarias. Mas não desanimo. Sei que elas, de alguma forma me chegarão à mão. Porquê? Porque já tive várias vezes a prova disso. Como tal, viverei sonhando, brincando, chorando, ajudando e sempre me responsabilizando pelos actos que tomo com a cabeça bem erguida.
segunda-feira, outubro 19, 2009
SÓ PA DIZERE UMA COISA, TÁ?
TENHO ANDADO EXTREMAMENTE ATAREFADO COM TAREFAS.
NÃO FUGI.
NÃO FUI RAPTADO.
NÃO FUI EU QUEM ATIROU UM PACOTE DE MANTEIGA..AI..COF..COF..
BREVE..
MUITO BREVEMENTE..
SIM.. SIM.. SIM..
MUITO, MUITO EM BREVE..
não vai acontecer nada. nadinha. tudo na mesma.
E.. E.. E.. vai ser a mesma pasmaceira. pacatinho. E.. E.. E.. pronto. o blogue continuará a ser um blogue. eu continuarei a ser uma pessoa. vocês também. E.. E.. E..
vou-me.............
sábado, outubro 17, 2009
LINHAS TORTAS
O mal
e a caramunha
Antunes Ferreira
Esta semana que hoje termina foi dominada pelo caso Maitê Proença. O assunto, de tão divulgado, comentado e criticado, é do conhecimento generalizado. Mesmo assim, aqui o resumo. A «senhora», que já por várias vezes este por cá – para representar em palco e promover os livros de sua autoria, ou seja, para aumentar a sua conta bancária com a colaboração dos Portugueses – tinha feito um vídeo sobre o nosso País em que escarnecia dos Tugas, ou seja, nos insultava com a gozação, e que passara na TV Globo já em 2007, mais precisamente no programa «Saia Justa».
Mas, ainda que com um belo atraso, o episódio chegou aqui. Um chorrilho de asneiras, umas atrás das outras que culminavam com a «distinta» actriz a cuspir na água da fonte existente nos Jerónimos. Coisa pouca, por conseguinte. Sabem-no todos: existe neste País um ditado que reza que quem não se sente, não é filho de boa gente. E os Lusos sentiram que tinham sido ofendidos – e de que maneira. A velha estória de morder a mão que lhe dá de comer.
As televisões passaram o desgraçado vídeo, no qual um grupo feminino (ao que parece constituído pelos elementos do programa e pela própria Maitê Proença) gozava com as alarvidades que a «dona» fabricara. A internet, em consonância com os ecrãs, ampliou o miserável assunto, com a força que se lhe reconhece. Os cidadãos aumentaram o tom dos comentários, excedendo-se até em muitas circunstâncias.
A «ilustre» veio a terreiro, pedir «desculpa» aos Portugueses. Afinal, fora apenas uma «brincadeira». A «actriz» disse que no Brasil, brinca-se com tudo. «Brinco com minha filha do mesmo modo com que brinco com a foto oficial do Presidente da República. Não foi nada ofensivo até porque não houve intenção de ofender». Porém, sempre foi acrescentando que em Portugal (que ama com todas as veras da alma dela) há muita falta de sentido de humor.
As coisas são o que são. Correm pela blogosfera inúmeras listas de censura às estúpidas afirmações da «senhora», algumas como atrás disse, usando termos impróprios para consumo… Voam abaixo-assinados a dizer aos cidadãos que não comprem qualquer livro dela, que não assistam a nenhuma peça teatral, se ela tentar cá voltar e que, pasme-se, mudem de canal quando esteja a ser passada telenovela que ela interprete. E, até, que seja proibida de entrar no nosso País. Somos assim, ou oito ou oitenta.
Se consultarmos as fotos da «artista» no Google encontraremos algumas bem sugestivas, como aqui se documenta. De resto, a «intérprete» da telenovela Dona Beija apareceu também nua na cena do banho na cachoeira. Na altura deu escândalo no Brasil. Não foi, porém, a única vez que se despiu em público. A Playboy brasileira já publicou por várias vezes fotos dela peladinha, no melhor estilo da revista. Mas, não se trata aqui de falso pudor ou excesso de puritanismo: é, tão-só, uma constatação.
O único (ou quase) sujeito a defender a sua dama, foi o Miguel Sousa Tavares, disse-se que ex namorado - de curta duração - dela. Alinhou na alegação da «brincadeira» e reforçou a falta de humor lusitana. Foi o Carmo e a Trindade. Malharam-lhe com ganas, mais do que na expressão do ministro Augusto Santos Silva.
Tenho para mim que a onda de protestos e lamentações já exorbitou das dimensões que deveria ter. Porém, com «desculpas» hipócritas, oportunistas e mal-educadas, a «senhora» só agravou a questão e deu azo a excessos, sempre lamentáveis – e censuráveis. No seu blogue e sobre a miserável cuspidela, deu-se ao luxo de afirmar que «estava imitando a estátua da fonte ao lado, que jorra água pela boca». É retintamente o caso de fazer o mal e a caramunha. Por isso, uma última palavra. Não adianta revolver o punhal na ferida, mas sim, cura-la, mesmo que não fique nunca cicatrizada. A ferida. Porque a «dama» não tem cura possível.
(Versão com alterações à publicada no http://sorumbatico.blogspot.com)
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segunda-feira, outubro 12, 2009
sábado, outubro 10, 2009
Escutas no Palácio de Belém
Antunes Ferreira
Muita gente ficou na dúvida perante a suspeita levantada por Sua Excelência o Senhor Presidente da República, durante a famiger... perdão, famosa comunicação ao País sobre o chamado caso «Escutas em Belém». A intervenção do mais alto mandatário da Nação (ainda que não saiba exactamente as alturas dos antecessores) recebeu um ou dois apoios, poucos mas enérgicos e entusiásticos e uma caterva de críticas, sabe-se lá porquê. Enfim, somos realmente um País de maledicentes.
A Travessa (http://aminhatravessadoferreira.blogspot.com), não ignorando o momento menos conseguido de SEXA, envidou os maiores esforços no sentido da averiguação que levasse ao esclarecimento total da momentosa questão. Nesta ciclópica tarefa, muitos foram os Amigos que deram o seu valiosíssimo contributo para as muitíssimas diligências que se efectuaram.
Milhares, para não dizer mesmo centenas de milhar, de imeiles chegaram ao hantferreira@gmail.com, posto de comando e coordenação das averiguações. A todos os seus autores - o mais sentido e singelo obrigado. Bem o merecem. Sobretudo porque se revestiram do interesse mais desinteressado (monetariamente falando) e do empenhamento absoluto, correspondente, aliás, da crise que nos ameaça, mas, que, felizmente, ameaça começar a passar.
Solucionado o imbróglio, só resta à Travessa afirmar que há prova concludente de que as suspeitas do Senhor Silva, (qualificação sincera e lapidar da autoria do Senhor Presidente da RAM, Dr. AJ Jardim) eram uma realidade. Vejam a gravura que elimina todas e quaisquer dúvidas.
sexta-feira, outubro 09, 2009
GRIPE H1N1 A
Há algo que "não bate a cara com a careta", na forma como o Ministério da Saúde decidiu aplicar as 40.000 doses, experimentais, da vacina contra o vírus H1N1 A (Gripe A).
Faz-me muita confusão que as primeiras 40.000 pessoas a tomarem esta dose, friso, experimental, que faz delas cobaias, sejam os grupos, considerados, de risco. Grávidas, idosos e crianças.
Colocando a real hipótese de estas doses terem efeitos secundários maus, é extremamente grave a escolha dos grupos de riscos.
Ora vejamos, as grávidas além de sofrerem elas os efeitos o feto também é de imediato afectado. As crianças viverão com eles o resto da vida e os idosos podem nem sequer vir a saber o resultado.
Concluindo, em que ficamos?
Deixamos que "brinquem" com a nossa saúde?
quarta-feira, outubro 07, 2009
Trabalhadores
Antunes Ferreira
Nas traseiras da minha casa – apartamento, mais correctamente, um T3 às vossas ordens – existe um pátio cimentado comum aos três prédios que o envolvem. Tratando-se de um quadrilátero, explico que no lado restante há um murito com uma rede de altura suficiente para que as bolas passem a caminho da janela de uma igreja que ali está plantada. E uma ruazita faz a fronteira entre o pátio e o templo, mais mini.
A miudagem vai para lá jogar ao chuto. Por vezes nas canelas, mas não tem importância. Os meus netos, aos sábados e durante parte das férias, são dos mais entusiastas futeboleiros. As pessoas de mais idade, ou seja os cotas, ficam mais sossegadas. Pelo menos, a malta não vai para a rua ou para os charros. E, virtude suprema, os portões de acesso de cada imóvel à sede das jogatanas. E à sede dos briosos atletas. Por via disso, os frigoríficos têm lugares de primeira fila destinados às garrafas de abastecimento.
Um destes dias, vieram uns senhores de capacete laranja, protecção em conformidade com a normativa não-sei-quantos da UE, com uns rolos que, do longe de uns bons cinquenta metros, presumi serem projectos. Pelos vistos, eram. E engenheiros. Conversaram, fita métrica no chão, ai o vinco das calças, e chegaram a acordo. Deduzi, apesar da distância, que acabara a diligência. Foram-se em paz, fumando uns, abstinente o outro.
Dois a três dias depois, eis que surgem quatro briosos e denodados trabalhadores – ou antes, três mais um, que apenas orientava a obra e dava palpites – todos de cobertura craniana, desta feita azul (a diferença entre classes está bem ilustrada nesta policromia) e vá de destruir um terço, mais coisa, menos coisa, do pavimento. Os martelos pneumáticos tornaram-se-me música habitual e pouco celestial. Adiante.
Concluído o levantamento da superfície de cimento, isolamento em três camadas: plástico, no dia seguinte massa negra e finalmente esferovite. Passados mais dois dias, cuidadosamente verificada a textura do revestimento, tijolos, betoneira e adjacentes. A melodia era outra, menos destravada, mais uniformizada, que nisto de rotações em volta do eixo, as máquinas produtoras de betão pedem meças ao globo terráqueo. Eu, em frente do computador, no quarto transformado em escritório/biblioteca, seguia com curiosidade q.b., o desenrolar dos acontecimentos.
Um momento. Quando me refiro à duplicidade entre o antro da teclagem e as estantes livreiras, tenho de confessar que, destas, há uma profusão por estas bandas, carregadas de obras as mais diversas e enfeitadas na frente das lombadas por bibelôs e fotografias da família, em especial dos netos em várias etapas etárias e outros artefactos, entre os quais estojos, com tampas de vidro, de canetas, que colecciono desde que o meu Pai me ofereceu quando fiz com distinção a quarta classe, uma Parker 21.
A interrogação e a inquietação que me vinham ocupando uma boa parte da massa cinzenta fizeram detonar a pergunta. Quero aproveitar a ocasião para sublinhar que o despoletar tão em uso, até por pessoas ditas importantes é uma asneira da primeira ordem. Despoletar, reafirmo - não sei quantas vezes já o disse e escrevi - é tirar a espoleta a uma granada que, assim, fica inerme. Ou seja, não rebenta, nem puuuffff faz.
Fui-me à minha varanda, que dá para o recinto, e os obreiros, alisado o cimento final, erguiam um murinho diminuto, da altura de um tijolo deitado, à volta dessa parte terça do pátio. «Bom dia, podiam responder-me a uma questão?» Aproximaram-se. Perguntei-lhes o que era aquilo.
«Senhor, eu não saber, fazer só o que o patrom mandar». Ucraniano de boa cepa. E, ao lado «Senhor, ieu nu sabe, soi romaneste».
E o terceiro «Spassiba Senhor, mas nom sabe, niet». Russo – mas não de má pêlo, aliás basto e louro, de crista, à maneira. O quarto não estava de momento. «Ser angolês, Senhor, quando voltar vai dizer para falar Senhor». Tinha ido beber uma cerveja e descansar. Há momentos de sorte na vida dos homens. E posições.
E no portuganhês que usavam, lá foram tentando explicar-me que o patrom os arregimentava de madrugada, por baixo do viaduto do Campo Grande, e que eram, nos respectivos países, o ucraniano, contabilista, o romeno, geógrafo e o russo engenheiro-técnico electricista. Tinham vindo para cá em busca de melhores dias. Mas estavam a pensar em voltar; viviam os três num quarto com serventia para a casa de banho (vá lá), ali a Chelas. Um divã e dois sacos cama e disse. Os habituais dramas da imigração. As famílias haviam ficado lá.
Agradeci. «Spassiba, mulţumesc frumŏs e... spassiba». Voltei para o animal informático, a dizer para os meus botões que, afinal, a Senhora Laranja, quando criticara o TGV e o aeroporto de Alcochete não dissera mentiras a propósito de quem trabalhava na construção civil em Portugal. Estrangeiros... Na realidade, ela fora, apenas, chauvinista e segregacionista. Isto é, qualificativos desqualificativos. É a vida.
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(Também publicado em A Minha Travessa do Ferreira)