segunda-feira, agosto 25, 2008
Estórias de treta
No outro dia subia eu a rua e encontrei o Ganfeas. O Ganfeas é um artista. Um artista plástico e desastrico. Por norma parte todas as grandes obras que constrói e só acaba por ter guardadas as fotografias das ditas, poucos minutos antes de por qualquer manobra ataralhocada escaqueirar a peça toda.
Quando o vi, tremi. Vinha com umas tretas que tinha comprado numa loja de artesanato e de certeza que ele me iria pedir para ver, com as mãos é claro. Tentei esconder bem dentro do saco para as pecitas passarem despercebidas.
Ele deu-me um grande abraço e trocamos as perguntas da praxe de quem já não se vê há uns tempos.
Já me preparava para seguir para casa quando ele, deve ter cheirado o estupor me pergunta:
- O que tens no saco?
Respondi-lhe:
-Ah! Umas merdinhas que comprei sem importância.
De imediato:
- Posso ver?
Pensei eu, fodi-me. E respondi:
-Claro, vê!
O Ganfeas pega na primeira peça e começa a examiná-la. Comentou, virou volta a virar, espreita aqui acolá e trau. Peça no chão.
Vermelho como um ferro em brasa olhou para mim e disse:
-Eu colo. Não eu compro-te outra.
Ao que eu respondi:
-Não, não. Deixa lá estas coisas acontecem. Deixa.
Ganfeas:
-Mas nem pensar. Melhor vou-te fazer uma.
Pensei, lá se vai ele meter em sarilhos e com um bocadinho de jeito vai parar ao hospital. Não seria a primeira vez. Em tempos a construir um vaso conseguiu entalar na garganta parte dele apenas porque enquanto o vaso se ia desfazendo ele abriu muito a boca ao soltar um grande “CREDO!”.
Respondi-lhe:
-O.K.! Depois contacta-me por e-mail.
Uma semana depois recebi o seguinte mail:
“Meu Caro amigo, fiz dez peças. Não sei o que se passou, nunca me aconteceu tal, partiram-se todas da mesma maneira. Sempre que me baixava para apanhar a espátula bati com a cabeça nelas e partias. Tenho por habito fotografar as minhas peças pouco antes de as acabar. Junto envio em anexo umas fotos e em breve contactar-te-ei para te entregar a dita.”
Não fiquei minimamente surpreso. Nunca mais tive noticias dele até hoje, quando vi no jornal esta notícia:
“ Ardeu a galeria de arte “Foguetão”! O artista plástico, Frutulávio Ganfeas ficou sem o seu espolio avaliado em centenas de euros., na sua primeira exposição de fotografia de obras de arte também de sua autoria. Toda a obra estava vendida. Infelizmente a galeria não tinha seguro contra incêndios.
O acidente deu-se quando Ganfeas acendeu o isqueiro porque a luz tinha ido a baixo.”
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5 comentários:
Conseguir destruir tudo o que se cria, isso sim é uma obra de arte! LOL
Á gajos que nascem com má sorte, irra
touaqui42
Deve haver mais Ganfeas por aí que proporcionam contos tão empolgantes e hilariantes como este.
Gostei do Ganfeas e tive pena do BM. eheheheh
Abraços
Ah! Só espero é que o gajo não me apareça pela frente.
Caro Armindo,
eu também rsrsrs!
Ab
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