TERMINA às 20h de amanhã, dia 1 Set 09, um passatempo que pretende premiar o(s) autor(es) do(s) melhor(es) texto(s) que aborde(m) o tema dos sem-abrigo - ver [aqui].
domingo, agosto 30, 2009
sábado, agosto 29, 2009
POST ABERTO
quarta-feira, agosto 26, 2009
terça-feira, agosto 25, 2009
DIKASIM,DIANÃO
O sono na Avenida
Antunes Ferreira
Bocejei, acabadinho de abrir os olhos. Um pigarro soturno tentou limpar algo se me agarrara ao céu-da-boca. Estes despertares matutinos dão cabo do juízo de um sujeito por mais saudável que seja. E no que diz respeito ao hálito – são péssimos. Nem é preciso que nos saiba a papel de música, ainda que não nos tenhamos enfrascado na madrugada anterior. E saltou-me das meninges o verso ladino. «A noite inteira sonhei; com a minha prima Teresa; de manhã, quando acordei; ainda tinha a… vela acesa.»
Sou polícia, com farda, cassetete, óquitóqui, pistola e emblema com brasãp da corporação, e tudo.Sou natural de Cebolais de Cima, chamo-me Amável Pintado Matos, tipo vulgar, não muito condicente com o nome, que isto de andar na rua a fazer rondas já deu o que tinha a dar. Mesmo de automóvel, nos antigos cremes nívea, não é muito agradável. Como horizonte, vejo-me chefe de esquadra, quiçá subintendente.
A Esperança nunca mais morre, dizem até que é a última a bater a bota. Alto lá, estou a referir-me à dona do Minimercado Souselas em homenagem à freguesia de onde é nativa. A outra com e minúsculo, em caixa baixa como dizem os jornalistas, é a do rifão e é igualmente a última coisa a morrer. Mas esta, senhora de setentas e vários, parece conservada em álcool (das melhores proveniências) ou é mesmo muito silicone, há quem diga que até se trata de um desvario de botox.
Fresca como uma alface vinda de Badajoz a horas mortas, a Esperança, a Dona Esperança é a madrinha da minha conversada actual, a Ermelinda, mais conhecida pela Malagueta de tão picante que é. Ela diz que é apenas quente, mas entre uma versão e a outra, eu que lhe sou tão chegado quanto seja impossível, classifico-a como uma fornalha alimentada a piripiri. Adorava que ela fosse polícia igualzinha àquelas que os Holandeses têm, boas. Mas, não se pode ter tudo.
Quando a Dona Esperança se apagar - trata-se de viúva sem filhos, o seu Engrácio mestre-de-obras já faz tijolo, raio de trocadilho, há uns bons sete para oito anos – o estaminé vai parar direitinho à única herdeira – a minha Ermelinda. Mas a gaja nunca mais bate a bota, estafermo. Eu, apesar de ser agente da autoridade, já pensei em passar a cota a ferro com um cilindro de acamar o asfalto. Porém, dava muito nas vistas. Assim, tenho de me resignar, na esperança da Esperança ir desta para o maneta por causa normais. Um ror de tempo.
A Linda, aboli a Erme já lá vão uns tempos, é tempo de economizar, por via da crise, entre as prateleiras do açúcar refinado e das bolachas Maria (em linguagem supermercadista diz-se gôndolas, sem nunca terem cheirado os eflúvios venezianos), dos sonasois e das fraldas para a terceira idade incontinente, abancava também na caixa registadora que, aliás, são cinco, a loja tem a sua dimensão. Mas também substitui a proprietária sempre que é caso disso, afilhada é afilhada, sobretudo para as ocasiões.
Trata-se de um caso bicudo, ao qual se pode perfeitamente aplicar o velho dito, ainda que com as adaptações necessárias: nem a madrinha morre, nem o agente almoça. E, no entretanto, lá continuo a rondar motorizadamente diversas zonas da capital, à espera de que os americanos funerários montem o velório com máquina de café e rebuçados de mentol.
Ora ontem, lá para as duas nocturnas, garrafas nem vê-las, íamos a passar na avenida da Liberdade, o Firmino condutor e eu, quando descortinei um bacano deitado num banco local – sublinho que não se tratava daqueles que estão em crise, mas mesmo assim ainda roub…, perdão, ganham uns milhões puxadotes – de camisa aberta e olhos fechados.
Ter-lhe-ia dado alguma coisa, sabia lá, um AVC, in enfarto ou uma bebedeira de caixão à cova? Saí da viatura e ao aproximar-me do cavalheiro o som do ressonar dele pareceu-me o do escape da mota do Fernandinho, filho da Olívia do quarto andar. O cagaçal é tamanho, que, no prédio, ele é conhecido pelo filho da pu..., salvo seja, a mãe não tem culpa dos cavalos do motor e o pai é um homem honesto e trabalhador. Vendedor de amendoins, pevides, camisinhas, chuingas e pó branco, ali em frente do Jardim da Estrela. Pelo estertor, pensei logo em apneia.
Sim, porque eu sou culto, fui até ao oitavo ano, depois cansei-me, agora ando nas Novas Oportunidades, coisa fina, bué da fixe. Leio muito, desde os clássicos até à Gente, à TV Mais, inclusive às Selecções do Ridares Daigeste. Não sei se é assim que se escreve, ainda não comecei com o Inglês, mas é assim que dizem os sabedores. E até me arrisco com a Hola! Não falando na Bola, no Record, no Jogo.
Daí que me tivesse dirigido ao cidadão e abanando-lhe suavemente o ombro direito, ele estava voltado para o esquerdo, disse-lhe baixinho: «O sono é a antecâmara da morte – Victor Hugô.» E ele, nada, nem uma pálpebra se entreabriu, nada, nadinha mesmo. Voltei a abana-lo, agora com mais intensidade, e repeti uns decibéis acima: «O sono é a antecâmara da morte – Victor Hugô.» Assim se pronuncia em Francês, disso tenho a certeza. E ele, virando-se para o outro lado, népia.
Enchi os pulmões e quase o atirei do banco abaixo com o abanão que lhe propiciei, dizendo-lhe alto e bom som e pela terceira vez: «O sono é a antecâmara da morte – Victor Hugo!», que se lixasse a correcta acentuação final. O homem ergueu a cabeça, abriu os olhos remelosos e respondeu-me: «Bardamerda! – José da Silva.»
São cansativas estas rondas nocturnas, ainda que em viatura policial.
_________
NE – Mais um textículo em que me socorro do idoso anedotário que conheço. Desculpem-me a falta de originalidade, mas – é a vida. (Também publicado na Travessa e no Splish-Splash)
O sono na Avenida
Antunes Ferreira
Bocejei, acabadinho de abrir os olhos. Um pigarro soturno tentou limpar algo se me agarrara ao céu-da-boca. Estes despertares matutinos dão cabo do juízo de um sujeito por mais saudável que seja. E no que diz respeito ao hálito – são péssimos. Nem é preciso que nos saiba a papel de música, ainda que não nos tenhamos enfrascado na madrugada anterior. E saltou-me das meninges o verso ladino. «A noite inteira sonhei; com a minha prima Teresa; de manhã, quando acordei; ainda tinha a… vela acesa.»
Sou polícia, com farda, cassetete, óquitóqui, pistola e emblema com brasãp da corporação, e tudo.Sou natural de Cebolais de Cima, chamo-me Amável Pintado Matos, tipo vulgar, não muito condicente com o nome, que isto de andar na rua a fazer rondas já deu o que tinha a dar. Mesmo de automóvel, nos antigos cremes nívea, não é muito agradável. Como horizonte, vejo-me chefe de esquadra, quiçá subintendente.
A Esperança nunca mais morre, dizem até que é a última a bater a bota. Alto lá, estou a referir-me à dona do Minimercado Souselas em homenagem à freguesia de onde é nativa. A outra com e minúsculo, em caixa baixa como dizem os jornalistas, é a do rifão e é igualmente a última coisa a morrer. Mas esta, senhora de setentas e vários, parece conservada em álcool (das melhores proveniências) ou é mesmo muito silicone, há quem diga que até se trata de um desvario de botox.
Fresca como uma alface vinda de Badajoz a horas mortas, a Esperança, a Dona Esperança é a madrinha da minha conversada actual, a Ermelinda, mais conhecida pela Malagueta de tão picante que é. Ela diz que é apenas quente, mas entre uma versão e a outra, eu que lhe sou tão chegado quanto seja impossível, classifico-a como uma fornalha alimentada a piripiri. Adorava que ela fosse polícia igualzinha àquelas que os Holandeses têm, boas. Mas, não se pode ter tudo.
Quando a Dona Esperança se apagar - trata-se de viúva sem filhos, o seu Engrácio mestre-de-obras já faz tijolo, raio de trocadilho, há uns bons sete para oito anos – o estaminé vai parar direitinho à única herdeira – a minha Ermelinda. Mas a gaja nunca mais bate a bota, estafermo. Eu, apesar de ser agente da autoridade, já pensei em passar a cota a ferro com um cilindro de acamar o asfalto. Porém, dava muito nas vistas. Assim, tenho de me resignar, na esperança da Esperança ir desta para o maneta por causa normais. Um ror de tempo.
A Linda, aboli a Erme já lá vão uns tempos, é tempo de economizar, por via da crise, entre as prateleiras do açúcar refinado e das bolachas Maria (em linguagem supermercadista diz-se gôndolas, sem nunca terem cheirado os eflúvios venezianos), dos sonasois e das fraldas para a terceira idade incontinente, abancava também na caixa registadora que, aliás, são cinco, a loja tem a sua dimensão. Mas também substitui a proprietária sempre que é caso disso, afilhada é afilhada, sobretudo para as ocasiões.
Trata-se de um caso bicudo, ao qual se pode perfeitamente aplicar o velho dito, ainda que com as adaptações necessárias: nem a madrinha morre, nem o agente almoça. E, no entretanto, lá continuo a rondar motorizadamente diversas zonas da capital, à espera de que os americanos funerários montem o velório com máquina de café e rebuçados de mentol.
Ora ontem, lá para as duas nocturnas, garrafas nem vê-las, íamos a passar na avenida da Liberdade, o Firmino condutor e eu, quando descortinei um bacano deitado num banco local – sublinho que não se tratava daqueles que estão em crise, mas mesmo assim ainda roub…, perdão, ganham uns milhões puxadotes – de camisa aberta e olhos fechados.
Ter-lhe-ia dado alguma coisa, sabia lá, um AVC, in enfarto ou uma bebedeira de caixão à cova? Saí da viatura e ao aproximar-me do cavalheiro o som do ressonar dele pareceu-me o do escape da mota do Fernandinho, filho da Olívia do quarto andar. O cagaçal é tamanho, que, no prédio, ele é conhecido pelo filho da pu..., salvo seja, a mãe não tem culpa dos cavalos do motor e o pai é um homem honesto e trabalhador. Vendedor de amendoins, pevides, camisinhas, chuingas e pó branco, ali em frente do Jardim da Estrela. Pelo estertor, pensei logo em apneia.
Sim, porque eu sou culto, fui até ao oitavo ano, depois cansei-me, agora ando nas Novas Oportunidades, coisa fina, bué da fixe. Leio muito, desde os clássicos até à Gente, à TV Mais, inclusive às Selecções do Ridares Daigeste. Não sei se é assim que se escreve, ainda não comecei com o Inglês, mas é assim que dizem os sabedores. E até me arrisco com a Hola! Não falando na Bola, no Record, no Jogo.
Daí que me tivesse dirigido ao cidadão e abanando-lhe suavemente o ombro direito, ele estava voltado para o esquerdo, disse-lhe baixinho: «O sono é a antecâmara da morte – Victor Hugô.» E ele, nada, nem uma pálpebra se entreabriu, nada, nadinha mesmo. Voltei a abana-lo, agora com mais intensidade, e repeti uns decibéis acima: «O sono é a antecâmara da morte – Victor Hugô.» Assim se pronuncia em Francês, disso tenho a certeza. E ele, virando-se para o outro lado, népia.
Enchi os pulmões e quase o atirei do banco abaixo com o abanão que lhe propiciei, dizendo-lhe alto e bom som e pela terceira vez: «O sono é a antecâmara da morte – Victor Hugo!», que se lixasse a correcta acentuação final. O homem ergueu a cabeça, abriu os olhos remelosos e respondeu-me: «Bardamerda! – José da Silva.»
São cansativas estas rondas nocturnas, ainda que em viatura policial.
_________
NE – Mais um textículo em que me socorro do idoso anedotário que conheço. Desculpem-me a falta de originalidade, mas – é a vida. (Também publicado na Travessa e no Splish-Splash)
segunda-feira, agosto 24, 2009
ALERT/MINISTÉRIO DA SAÚDE
O leitor José Pedro deixou o seguinte comentário no post "Homofobia":
" Dei o meu comentário anterior à laia de desabafo e indignação, mas não pensem que todas as situações relatadas sobre a nossa saúde são simples conjecturas ou rumores!
Não! É tudo verdade! Sei-o por viver e conviver com médicos na minha própria família!! Já agora só mais uma acha para a fogueira...
Conhecem o protocolo de Manchester, utilizado para efectuar a triagem aos doentes nos hospitais? Muito simples, um protocolo assinado a nível internacional em que quando o doente entra no hospital lhe é atribuída uma cor: vermelho = emergente; laranja = muito urgente; amarelo = urgente; verde 0 pouco urgente e azul = não urgente!
Pois fiquem sabendo que Portugal é o único país do mundo onde se acrescentou mais uma cor a este protocolo, à revelia do estipulado a nível mundial. Estamos a falar da cor branca = doente com cunha ou amigos no hospital!!
Incrédulos??? Também eu até ter perguntado a pessoas que trabalhavam no Hospital de S. João!! Esta é a mais pura das verdades!! Porque é que nunca saiu cá para fora em notícias?? Vá-se lá saber...
Outro escandalo é o software de gestão, o ALERT, que os hospitais públicos utilizam, o qual foi elaborado por um ex-funcionário do Ministério da Saúde, que "saiu" e montou uma empresa de informática onde desenvolveram este sistema. Escusado será dizer que o homem, com os seus "ex-amigos de trabalho" montou um esquema tal que todos os hospitais públicos têm o dito cujo software (que também inclui a cor branca no protocolo de Manchester). Os ditos cujos hospitais gastam toneladas de dinheiro a por cá para fora concursos públicos para aquisição de software, e sabem já de antemão quem vai ganhar o concurso, o ALERT. Pesquisem por ALERT no google e vejam, como eu vi, o protocolo que o Ministério da Saúde assinou com a empresa do ALERT para assegurar a adjudicação do sistema para os hospitais públicos!!
E ainda nos fecham os olhos com casos tipo Freeport... enfim...
É este o país em que vivemos!! ".
Brevemente vou escrever um artigo, aprofundado, sobre este, sério, tema.
De momento, peço testemunho dos leitores.
Peço, também, a opinião sobre ISTO .
Um enorme abraço para o amigo José Pedro.
sexta-feira, agosto 21, 2009
POST ABERTO
quinta-feira, agosto 20, 2009
domingo, agosto 16, 2009
segunda-feira, agosto 10, 2009
É MUITO URGENTE!
Tenho um amigo com sérias dificuldades financeiras.
Vai ter de pagar de IRS mais de 6000€.
Já telefonei para o Ministério das Finanças para aceitarem este automóvel como forma de pagamento, mas eles só vêem €€€ à frente.
Se alguém estiver interessado em adquirir este carro, por favor contacte para o número 916570672 ou envie um e-mail para medinamoura@gmail.com .
As características do carro são:
Vidros eléctricos
Rádio c/cd
Chave c/comando
Alerta de porta(s) aberta(s)
Jantes Especiais
Faróis de nevoeiro
Encosto(s) de cabeça banco traseiro
Preto
70.000Km(última revisão mudou correia de distribuição) Comprovativos de todas as revisões
Pneus com muito poucos km`s
Como novo!
Valor pretendido:
6.000,00€ NEGOCIÁVEIS (ou seja, sujeito a ofertas!) !
domingo, agosto 09, 2009
segunda-feira, agosto 03, 2009
domingo, agosto 02, 2009
URGENTE!
Tenho um amigo com sérias dificuldades financeiras.
Vai ter de pagar de IRS mais de 6000€.
Já telefonei para o Ministério das Finanças para aceitarem este automóvel como forma de pagamento, mas eles só vêem €€€ à frente.
Se alguém estiver interessado em adquirir este carro, por favor contacte para o número 916570672 ou envie um e-mail para medinamoura@gmail.com .
As características do carro são:
Vidros eléctricos
Rádio c/cd
Chave c/comando
Alerta de porta(s) aberta(s)
Jantes Especiais
Faróis de nevoeiro
Encosto(s) de cabeça banco traseiro
Preto
70.000Km(última revisão mudou correia de distribuição) Comprovativos de todas as revisões
Pneus com muito poucos km`s
Como novo!
Valor pretendido:
6.000,00€ NEGOCIÁVEIS !
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